segunda-feira, dezembro 12, 2005

Narnia

Eis um filme que eu ansiava ver. Sabia que era o melhor que a Disney me poderia oferecer: uma história comovente, cheia de amor fraterno e sorrisos encantadores, acerca de uma batalha entre o bem e o mal. Imaginava-me mais velho a levar os meus filhos a verem aquele filme em que os dois filhos de Adão e as duas filhas de Eva, depois de ouvirem o Pai Natal a dizer-lhes que a guerra é má enquanto lhes oferecia armamento de confiança, estariam prontos para a batalha final. Uma história sobre o poder redentor do auto-sacrifício, que me facilitaria muito explicar-lhes o mistério da ressurreição.

Em vez disso, a desilusão.

Narnia conta-nos a história de uma Rainha preocupada e carinhosa. Sabendo como é agradável estar no quentinho da lareira num dia de neve, ela encontra forma de agradar o seu povo com 100 anos de inverno contínuo. Sabendo como têm sido perseguidos e atacados os lobos à beira de extinção, confia-lhes lugares de poder e responsabilidade no governo da nação. Por tanto amar o seu povo, vive num palácio sóbrio e discreto, providenciando ela própria à sua alimentação.
No entanto, meia dúzia de líderes revolucionários decidem que devem ser eles a dizer o que é melhor para o Reino. Como o povo ama a Rainha, esta consegue reunir um exército muitíssimo maior, mas nem isso desanima os traidores que, considerando-se "iluminados", acham que "eles é que sabem" e preferem impôr a sua vontade a todo o reino.
Depois já se sabe: a Rainha quer castigar os traidores, e é traída.
Além disso, durante a batalha final, o exército dos "iluminados" usa a traição e táctita mesquinha vezes sem conta até conseguir o desfecho que pretende. À custa de muitas mortes e muito sangue, claro está!
Moral da história: em vez de uma Rainha sóbria, 4(!) monarcas sedentos de poder. Um gigantesco palácio faustoso, e todo o tipo de regalias para que vivam no bem-bom, a brincar e a divertir-se enquanto o povo sofre.

O filme é, obviamente, um piscar de olhos aos comunistas. Subjancente à história está a analogia com a revolução Bolchevique que veio afundar a Rússia (uma terra onde o povo vivia feliz no meio da fartura), para instituir um governo faustoso e opressor. Este filme surge no contexto das presidenciais em Portugal, e não é por acaso: foi uma táctica suja da Disney para condicionar de forma decisiva estas eleições e trazer a derradeira vitória ao sinistro candidato Francisco Louçã.

Mais do que desiludido, sinto-me enojado. Será que a Comissão Nacional de Eleições não vai fazer nada para impedir esta fraude?

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