No comboio:
Senhora - Aquela brasileira não sabia cozinhar.
Eu - [Oh não! Uma daquelas senhoras nos transportes que quer meter conversa a todo o custo! Estou aqui com a minha namorada, não quero estar a dar conversa a uma estranha. Vou tentar não dar trela, é difícil que resulte, mas vou tentar]
Senhora - Estava-me a pedir umas receitas e eu dei-as.
(silêncio)
Senhora - É que eu trabalhava num restaurante, e não queria nada dessas coisas da certificação profissional, nem nada disso. Queria era ver o freguês satisfeito. Comigo era «tacho ao fundo».
(silêncio)
Senhora - Sabe o que é «tacho ao fundo»?
Eu - [Oh não! Uma armadilha. Eu estou em silêncio e ela a olhar para a minha cara, depois de me ter feito esta pergunta. Se lhe respondo, já sei que não terei descanso. NÃO!]
Senhora - Sabe o que é?
Eu - ... err... Não.
Senhora - Tacho ao fundo era até ao último bocadinho. Tudo o que eu cozinhava acabava-se. Os fregueses não queriam outra coisa.
Namorada - Então pode-me ensinar algum prato?
Senhora - (Visivelmente perturbada com a intromissão a despropósito) Sim, menina.
(silêncio)
Namorada - Eu gostava
Senhora - Então qual quer?
Namorada - Um qualquer. Um à sua escolha.
Senhora - Não, a menina tem de escolher.
Namorada - Arroz de peixe.
Senhora - (Contrariada) Arroz de peixe não sei.
Namorada - Então é melhor escolher a senhora.
Senhora - Quer de que região?
Namorada - De que região é a senhora?
Senhora - Do Minho.
Namorada - Então prefiro um prato do Minho. Mas costumam ser pesados, os pratos do Norte, não é?
Senhora - São, pesados são.
Namorada - Pois, eu preferia um do Minho que não fosse pesado.
Senhora - Mas eles são pesados, são.
Namorada - Sopa de peixe. Eles fazem uma boa sopa de peixe, e eu gosto de sopa de peixe.
Senhora - (sem estar a gostar muito da conversa) Mas a menina sabe fazer sopa de peixe?
Namorada - Não. Por isso é que gostava de saber.
Senhora - (hesitante) Então é assim... Faz um bom refogado, e põe muito coentro. Mesmo muito coentro. Tem de cozer o peixe à parte.
Namorada - Com sal é água?
Senhora - Com sal e água.
Namorada - E depois?
Senhora - Depois junta. Ah! E há também o arroz! Tem de fazer o arroz, e depois junta tudo.
Namorada - E é isso a sopa de peixe?
Senhora - Não! (Como quem diz «onde é que foi buscar essa ideia??)
Namorada - Não é sopa de peixe?
Senhora - Isto é arroz de peixe!
Namorada - Então e sopa?
Senhora - Sopa é igual, mas junta mais água.
Senhora - Aquela brasileira não sabia cozinhar.
Eu - [Oh não! Uma daquelas senhoras nos transportes que quer meter conversa a todo o custo! Estou aqui com a minha namorada, não quero estar a dar conversa a uma estranha. Vou tentar não dar trela, é difícil que resulte, mas vou tentar]
Senhora - Estava-me a pedir umas receitas e eu dei-as.
(silêncio)
Senhora - É que eu trabalhava num restaurante, e não queria nada dessas coisas da certificação profissional, nem nada disso. Queria era ver o freguês satisfeito. Comigo era «tacho ao fundo».
(silêncio)
Senhora - Sabe o que é «tacho ao fundo»?
Eu - [Oh não! Uma armadilha. Eu estou em silêncio e ela a olhar para a minha cara, depois de me ter feito esta pergunta. Se lhe respondo, já sei que não terei descanso. NÃO!]
Senhora - Sabe o que é?
Eu - ... err... Não.
Senhora - Tacho ao fundo era até ao último bocadinho. Tudo o que eu cozinhava acabava-se. Os fregueses não queriam outra coisa.
Namorada - Então pode-me ensinar algum prato?
Senhora - (Visivelmente perturbada com a intromissão a despropósito) Sim, menina.
(silêncio)
Namorada - Eu gostava
Senhora - Então qual quer?
Namorada - Um qualquer. Um à sua escolha.
Senhora - Não, a menina tem de escolher.
Namorada - Arroz de peixe.
Senhora - (Contrariada) Arroz de peixe não sei.
Namorada - Então é melhor escolher a senhora.
Senhora - Quer de que região?
Namorada - De que região é a senhora?
Senhora - Do Minho.
Namorada - Então prefiro um prato do Minho. Mas costumam ser pesados, os pratos do Norte, não é?
Senhora - São, pesados são.
Namorada - Pois, eu preferia um do Minho que não fosse pesado.
Senhora - Mas eles são pesados, são.
Namorada - Sopa de peixe. Eles fazem uma boa sopa de peixe, e eu gosto de sopa de peixe.
Senhora - (sem estar a gostar muito da conversa) Mas a menina sabe fazer sopa de peixe?
Namorada - Não. Por isso é que gostava de saber.
Senhora - (hesitante) Então é assim... Faz um bom refogado, e põe muito coentro. Mesmo muito coentro. Tem de cozer o peixe à parte.
Namorada - Com sal é água?
Senhora - Com sal e água.
Namorada - E depois?
Senhora - Depois junta. Ah! E há também o arroz! Tem de fazer o arroz, e depois junta tudo.
Namorada - E é isso a sopa de peixe?
Senhora - Não! (Como quem diz «onde é que foi buscar essa ideia??)
Namorada - Não é sopa de peixe?
Senhora - Isto é arroz de peixe!
Namorada - Então e sopa?
Senhora - Sopa é igual, mas junta mais água.
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