Na completa ausência de assunto para noticiar, a Agência Pipista deslocou-se à clínica veterinária da Ajuda para conversar com alguns dos pacientes que ali aguardavam a sua consulta. De facto, algo de estranho se passa na clínica, já que quando confrontados com perguntas embaraçosas (Come as suas fezes? Costuma perseguir os seus pares domésticos de menores dimensões? Arranhou o sofá e as almofadas? Onde enterrou o seu último osso?) os entrevistados só responderam com silêncio, salvo um papagaio que, apesar de não ter desenvolvido a sua queixa, repetiu inúmeras vezes "Falam falam falam e não dizem nada! Éh! Papel, qual papel o papel qual papel! Éh!" Jacinto Taínha Bettencourt, proprietário de um gato semi-calvo que a nossa ética jornalística só nos permite apelidá-lo de estúpido como o caraças, aproveita: "Ó doutor, já agora veja lá estas pintas azuis." Jacinto tira a camisa para revelar uma tumefacção nojenta nas costas que o veterinário examina enquanto eu viro a cara claramente indisposto. "Mas que porra é esta - disse eu, já farto da entrevista - vou-me já embora que não tenho que aturar estas coisas."
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