segunda-feira, abril 13, 2009

PiPismo e os Mistérios

'No período do Iluminismo, «mistério» passou a ser um «enigma», ou um «problema a resolver», o que desvirtuou – penso – o que hoje se entende por «mistério». Diria mesmo que é necessário recuperar o sentido de “mistério” nos dias de hoje. Sobre «mistério», li num livro de Denis Edwards [1] que o "«mistério»... aponta para aquela dimensão da experiência humana que escapa à compreensão, e transcende-nos totalmente" (p. 17). Mas li ainda que este "...horizonte do ser sem limite é aquilo que chamo de «mistério»" (p.20). Porém, pergunto: existe alguma forma de compreender um Mistério que, por definição, está para além da compreensão?



Penso que a resposta é "viver o Mistério". A raiz da compreensão do Mistério está na experiência humana da realidade como História (Pannenberg, [2]). Se o que é real é memória do passado, experiência do presente e um futuro que nos atrai, tudo o que encerra a totalidade do percurso da história do universo leva-nos a percepcionar que a realidade não é apenas o que materialmente existe, mas também tudo o que está para além da materialidade. Diz-nos Pannenberg que a «abertura ao mundo para além de si mesmo expõe o organismo à historicidade única da sua experiência de vida. Esta realidade histórica é, de facto, no seu sentido mais radical a vida própria do organismo e nunca pode ser adequadamente descrita simplesmente em termos do funcionamento das células vivas» (p.6)



A realidade como História é Mistério e se tomarmos em conta a contribuição da visão bíblica, apenas à luz do futuro é que podemos compreender o passado e o presente. Logo, redescobrir o valor do Mistério seria redescobrir a vida e a história que geram.'

Tudo vindo daqui.

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