terça-feira, outubro 25, 2005

A gripe das aves

Todos nós estamos familiarizados com o problema: o fim dos tempos vem aí, as pessoas gritam de aflição, de revolta, de dôr. Entre as frases proferidas nestes momentos extremos, a respeito da calaminade civilizacional que se abate sobre o mundo ocidental - a gripe das aves - contam-se:

«Isso das aves não tem nada a ver com as galinhas» - vendedor de galinhas num mercado de Espinho

«Os patos vão para o bosque e depois apanham a gripe das árvores» - camionista no parque municipal de S. João da Pedreira

Muita especulação rodeia toda esta problemática. Há quem creia que a gripe das aves é mais uma jogada asquerosa na pérfida estratégia pipitista de controlo. Há quem creia que é um «golpe de génio purificador» na brilhante estratégia Pipista de elevação civilizacional. Há quem creia que as aves têm gripe. Recentemente recebemos esta mensagem no nosso correio do leitor:

«Maravilhosos, Deslumbrantes, Magníficos e Excelentes Pipistas:

A vossa glória é infinita, e é por isso que este humilde fã e dicípulo que quer trilhar os caminhos do Pipismo, mal se sente digno de vos dirigir a palavra. Por isso optei pelo e-mail.
Vós sois o Sol da minha vida, preciso tanto de vós como a comida precisa do Sal. Nem só de pão vive o homem, mais vós sois o Pão da minha alma. Sem descobrir o Pipismo eu era um mero escaravelho insignificante e patético, enquanto que agora apenas o sou quando me comparo convosco, ó guardiões da civilização, do moral, dos bons costumes, da tecnologia, e do mundo que há-de vir.
E por essa augusta razão que me dirijo às vossas mais que magnânimes presenças, tendo como objectivo a colocação de uma dúvida que me asola o espírito:

No outro dia, fui comer a casa da minha Avó Teresinha. A comida era Franguinho com batatinhas, que ela cozinha tão bem. A sopa era Caldo Verde (gosto tanto de caldo verde!). A minha Avó pôs picante no franguinho, porque ela sabe que eu gosto muito de picante (mas sem exageros). O problema é que ela fica muito ofendida e zangada quando eu não como tudo o que está no prato. Então, para ela não ficar triste, comi o franguinho todo, mesmo sabendo disto da gripe das aves. Mas recusei-me terminantemente a repetir, apesar de ela ter insitido PI vezes (estou a brincar, ela insistiu três vezes, mas não resisti ao trocadilho). A pergunta que eu vos queria colocar é: vou morrer?»


Resposta: sim.

1 comentário:

A Fénix de Schroedinger disse...

É verdade. Os testes definitivos indicam uma probablidade de sobrevivência inferior a Pi. Ou seja 3,14159. Isto é, inferior a 314,159%.